Quem é engenheiro civil ou arquiteto sabe que, com tantas disciplinas diferentes durante a faculdade, um edifício pode exigir dezenas de projetos. Pra quem não conhece muito sobre construção então fica completamente perdido e depende da competência do responsável técnico contratado para ter a segurança de que tem os projetos necessários à obra.
Surgem sempre aquelas dúvidas: será que tenho mesmo que gastar com esse projeto? Será que dá para fazer sem ele? Será que o engenheiro não está me enrolando e só quer descolar uma grana para um colega? Onde está escrito quais projetos preciso ter para fazer minha casa ou edifício? Se eu contratei um arquiteto, por que ele já não fez tudo e precisa de um engenheiro?
Acredite, até mesmo os engenheiros tem essas dúvidas…
Mas não se decepcione, neste artigo vamos resumir os conceitos básicos a respeito dos projetos utilizados pela engenharia e arquitetura para execução de obras.
O que é um bom projeto?
Um bom projeto é aquele que permite que qualquer um possa executar o que ele propõe (como uma casa, um edifício ou um galpão) sem precisar de mais informações. A forma mais comum é em folhas de papel padronizadas (A4, A3, A2, A1, A0…) que fornecem os detalhes, medidas e materiais a serem utilizados na construção.
Como em uma edificação existem muitos sistemas, é praticamente impossível colocar todos os detalhes em uma única folha. Assim, enquanto que para uma casa 4 ou 5 folhas de projetos podem ser suficientes, para um grande edifício comercial um projeto pode ter mais de 1.000 folhas!
E o memorial descritivo, o que é?
Muitas vezes o que está escrito no projeto é insuficiente para detalhar as especificações, então o memorial descritivo é um documento auxiliar (geralmente em forma de relatório em folhas A4) que contém orientações escritas de um processo de execução, materiais a serem empregados com o modelo e fabricante, quadros, tabelas e memórias de cálculo. Ele deve ser lido em conjunto com as folhas do projetos a que pertencem.
Os projetos essenciais para uma obra
Como nosso enfoque é o investimento imobiliário, o investidor precisa entender que quanto mais completo for o projeto da construção, menor será o número de decisões, improvisações e gambiarras na obra. Essa é uma lição de quem já construiu bastante com e sem projeto, reconhecendo os benefícios que ele proporciona e a dor de cabeça que a sua ausência provoca. Economizar com projeto não vale a pena.
Por outro lado, o excesso de detalhamento e a redundância de informações pode se tornar um desperdício de tempo e dinheiro. Ponderar a contratação de projetos é uma tarefa que deve ser feita com bastante sensatez pelo responsável técnico da execução em conjunto com o investidor. Tentamos organizar, portanto, um rápido guia dos possíveis projetos que um empreendimento imobiliário pode precisar de acordo com seu grau de importância.
Projetos Essenciais
Aqui elencamos os projetos mínimos que julgamos necessários para a construção de uma casa simples:
- Projeto de aprovação legal: é aquele que detalha a construção a ser edificada do ponto de vista legal, explicando a conformidade com os indicadores urbanísticos estabelecidos pela legislação municipal, estadual e federal (como taxa de ocupação, área construída, coeficiente de aproveitamento, recuos, índices de iluminação e ventilação, áreas mínimas, permeabilidade, entre outros). Este é o projeto que recebe o carimbo de aprovação técnica da prefeitura e que libera a licença de execução ou alvará de construção.
- Projeto de arquitetura: muitos confundem o projeto de arquitetura com o de aprovação legal, o que faz com que muitos ignorem este que consideramos o que mais impacta a percepção do usuário final, ou seja, o cliente. O projeto de arquitetura bem feito detalha todos os materiais e cores como especificações de tintas, pedras, marcas de peças cerâmicas, forros, esquadrias, rodapés, beirais, pontos de iluminação, tamanhos, distâncias, áreas, sugestão de posição dos móveis. Enfim, ele traduz como deve ser o produto final acabado e, portanto, serve como base para os demais projetos.
- Projeto de fundações: o projeto de fundações é elaborado por um engenheiro geotécnico que avalia as cargas que a futura construção irá exercer sobre o solo. As propriedades do solo como resistência e composição são extraídas a partir de ensaios (exemplo: a sondagem) e assim permitem a escolha do tipo de fundação. Esse projeto, então, define o tipo de fundação, a posiciona no terreno e especifica sua profundidade.
- Projeto estrutural: como o próprio nome sugere, o projeto estrutural detalha como deve ser executada a estrutura do edifício que é o sistema que suporta as cargas de utilização e as transferem para as fundações. Ele depende do método construtivo, ou seja, os materiais e técnicas de execução influenciam este projeto que, por exemplo, pode ser:
- Projeto estrutural de concreto armado
- Projeto de alvenaria estrutural
- Projeto de estrutura metálica
- Projeto de hidráulica ou projeto hidrossanitário: aqui está representado um grupo de projetos que cuidam da água. Os sistemas que cuidam da reservação, distribuição, coleta e destinação geralmente são:
- Água fria: detalha a ligação com a rede pública, a reservação (caixas d’água) e a distribuição até os pontos de uso (torneiras, chuveiros, pias…);
- Água quente: detalha o sistema de aquecimento (solar, elétrico ou gás) e sua distribuição até os pontos de uso. Esse projeto tem total integração com os sistemas elétricos e de gás do edifício;
- Esgoto: detalha a coleta e destinação do esgoto, definindo o conjunto de tubulações que ligarão todos os ralos e bacias ao sistema público de esgoto, para então ser tratado antes do despejo em rios e córregos;
- Drenagem de águas pluviais: é o projeto que representa o sistema de coleta das águas da chuva que, por ser limpa, não precisa ter tratamento como o esgoto. Então ela recebe um sistema de tubulações separado que irá ligar-se à rede pública de drenagem para ser despejada diretamente nos rios e córregos próximos. É cada vez mais comum que esse sistema esteja integrado a um tanque de reservação para utilização não potável, como irrigação e limpeza, economizando o uso de água potável para fins não nobres.
- Projeto elétrico ou projeto de instalações elétricas: este projeto tem ganhado cada vez mais importância, uma vez que os aparelhos eletrônicos e a necessidade de tomadas e pontos de energia nos ambientes cresceu bastante nos últimos anos. O engenheiro elétrico é o responsável por distribuir a rede de cabos pelos ambientes, calcular as cargas de consumo que o uso do edifício utilizará, definir dispositivos de proteção, detalhar a ligação com o fornecimento público de energia e fazer o relacionamento com a concessionária. Tudo isso será sumarizado no projeto de instalações elétricas, seja de um galpão industrial ou de um Hotel Resort 5 estrelas.
Conforme a complexidade da edificação e do tipo de projeto, outras segmentações podem surgir. Os projetos para execução de um loteamento são completamente diferentes de uma casa de altíssimo padrão. Listamos a seguir outros tipos de projetos que podem se tornar necessários no seu próximo empreendimento e que merecem ser considerados na concepção:
- Projeto urbanístico;
- Projeto de terraplenagem;
- Projeto de pavimentação;
- Projeto de formas (para concretagem);
- Projeto de impermeabilização;
- Projeto de instalações elétricas e telefônicas;
- Projeto de instalações de gás;
- Projeto de instalações de incêndio;
- Projeto de exaustão;
- Projeto de pressurização;
- Projeto de ar condicionado;
- Projeto de reaproveitamento de águas pluviais;
- Projeto de coleta e tratamento de esgoto;
- Projeto de automação predial;
- Projeto de detecção e alarme;
- Projeto de segurança patrimonial e CFTV (Circuito Fechado de Televisão);
- Projeto de acústica;
- Projeto de iluminação ou luminotécnica;
- Projeto de paisagismo;
- Projeto de decoração;
- Projeto de estacionamento;
- Projeto de sinalização.
Dada essa integração de projetos para detalhar uma única edificação, surge a necessidade da compatibilização – uma atividade de verificar se um sistema não está interferindo no outro e propor a conexão harmoniosa entre eles. É comum perceber durante a obra de projetos não compatibilizados que uma rede de gás está cruzando com um conduíte elétrico ou um tubo de ar condicionado que passa através de uma viga da estrutura. Se o número de projetos crescer muito, considere a possibilidade de contar com um profissional que compatibilize todos esses projetos.
Depois de ter contato com nomes de projetos que provavelmente você nunca tinha ouvido falar que existiam, esperamos que esse artigo tenha ajudado a compreender a importância e o que são os projetos essenciais para um empreendimento imobiliário. Mais importante que os tipos e nomes é ter o conceito de que, a partir do uso futuro da edificação é que se elabora os projetos. Se algum dia precisarmos de edifícios com minigeradores de energia nuclear, este será mais um projeto a ser incorporado no produto.
Esperamos que este artigo tenha te ajudado. Se gostou ou tem dúvidas comente aqui em baixo e compartilhe este artigo através das redes sociais. Para continuar aprendendo com os artigos da INDELFA